quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O Natal dos Advogados



Ah como eu gostava de passear à beira mar!! E com renas! 

As férias judiciais de Natal decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro.
É comum ouvir dizer que "Ah, o tribunal está fechado!" ou "Nesta altura, não vale a pena ir ao Advogado que ele está de férias." 
Era bom que assim fosse! Ou talvez não.
No período de férias judiciais os tribunais estão abertos mas só se realizam diligências em processos urgentes. 
E não! Os Advogados não estão de férias!
É precisamente nas férias judiciais que os Advogados tentam pôr a casa em ordem. Que é como quem diz,fazer tudo aquilo que não conseguem fazer fora do período de férias judiciais. Organizar processos, fazer contas a processos já concluídos e apresentar aos clientes (a parte menos boa das férias na óptica do cliente), elaborar 1001 requerimentos, cartas e afins que se vão acumulando na pasta de "pendentes", elaborar e dar entrada de novas acções que estão ali em cima da secretária a aguardar um momento de sossego, concentração e inspiração (e a causar uma pilha de nervos monumental ao Advogado de cada vez que olha para as pastas a pedirem para serem tratadas e o dia já vai com 12 horas e não dá para mais!), reuniões que foram marcadas para esta altura porque fora de férias os prazos e os julgamentos não dão tempo nem para comer quanto mais para conversar. 
Esta é a realidade para a generalidade dos Advogados. 
Mas...há um sempre um mas...a mulher que é, também, Advogada ainda tem de pensar e negociar com o seu mais-que-tudo onde vai ser passada a noite de Natal, fazer a lista dos presentes (sem esquecer ninguém para não melindrar os familiares mais sensíveis), comprar o presente do mais-que-tudo (que, diga-se em abono da verdade, é uma dor de cabeça porque os homens não usam malas, maquilhagem, bijuteria e afins, logo ficamos condicionadas aos perfumes, carteiras, gadgets e pouco mais). 
Se tivermos a sorte de o Natal ser em casa de familiares a tarefa torna-se mais simples. Porém, se o Natal for em nossa casa é a loucura total. Fazer a lista de compras (tendo em conta os gostos, sensibilidades e alergias de cada um dos convivas), fazer as compras, carregar as compras, pelo menos,20vezes (da prateleira para o carrinho, do carrinho para o tapete da caixa, do tapete para os sacos; carregar os sacos para o carro e do carro para casa; tirar do saco e arrumar nos armários), preparar a casa, fazer doces, ir à esteticista e à cabeleireira (senão a Tia Maria diz logo "Ai filha, nem pareces Advogada, assim toda desarranjada - e sabe Deus o que nos apetece um pijama e umas pantufas), preparar a ceia (nesta fase espera-se já haver mais um ou dois pares de mãos para ajudar e, no limite, dá-se, gentilmente, um grito aos miúdos para, pelo menos, porem os pratos na mesa).
Acabado o Natal vem mais trabalho e, a seguir, tudo se repete para a passagem de Ano. 
Quando damos por nós é dia 4 de Janeiro e voltou o frenesim dos prazos, dos julgamentos, dos telefonemas a toda a hora e instante, das reuniões. Voltou a escola e a correria para levar os miúdos a horas, os peditórios infindáveis dos professores, as reuniões de pais, as queixas dos petizes que não têm tempo para brincar e o mais-que-tudo, que é boa pessoa, a fazer de conta que não se importa que mal tenhamos tempo para lhe dar um beijo antes de dormir. 
O Natal dos Advogados é assim! Mas eu gosto porque gosto do que faço! 


As minhas verdadeiras férias de Natal


Desejo que 2017 traga paz e união para o Homem, muito trabalho e saúde para todos!
Até 2017, num tribunal perto de si!